Empresario afirma que o clube usa apenas 45% das receitas no salário dos jogadores
O debate sobre o Fair Play financeiro no futebol brasileiro, iniciado pela comissão de clubes, repercutiu no Botafogo na tarde desta quarta-feira. Durante a apresentação de Vitinho, defensor mais caro da década no país, e Adryelson, o dono da SAF John Textor abordou o tema ao ser questionado.
O empresário americano atribuiu a discussão do controle de gastos ao momento em que investiu R$ 373 milhões em contratações na temporada e tratou de rebater a afirmação de que vai contra o jogo limpo.
– Nós estamos agindo de acordo com o fair play financeiro. Estamos gastando 45% da nossa receita em salários. O restante são em ativos, que vão crescer em valor. As pessoas estão ofendidas que o Botafogo está voltando. Nós somos o mais tradicional, o Glorioso. Nós começamos isso tudo. Estamos aqui e não vamos a lugar nenhum – afirmou.
O debate se inicia em um momento de grande investimento e crescimento do elenco botafoguense em 2024. Recentemente, o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, questionou os gastos alvinegros após a derrota por 4 a 1 no Brasileirão.
O encontro foi realizado com representantes de Fluminense, São Paulo, Fortaleza, Internacional, Vasco, Atlético-GO, Flamengo e Palmeiras. John criticou a presença dos vascaínos no evento, que também são uma SAF com investimento estrangeiro.
– Estou construindo minha relação com Pedrinho, o rapaz do Vasco. Eles tentaram executar uma SAF. O contrato deles exigia que o investidor gastasse muito mais do que eu fui exigido. Então eu acho curioso ele falar em Fair Play só porque a SAF dele não funcionou muito bem. Se a 777 estivesse nos trilhos, o Vasco estaria fazendo exatamente a mesma coisa agora – cutucou.
John destacou que apenas tem feito o que está previsto no contrato feito com o Botafogo quando adquiriu 90% da empresa que gere o futebol do clube.
Questionamentos ao modelo
Assim como já havia feito em entrevista exclusiva ao ge, Textor discordou do modelo de fair play aplicado no futebol europeu pela Uefa. Segundo ele, é uma fraude feita para manter os clubes grandes no topo enquanto os pequenos seguem limitados.
– A razão que é uma fraude é que não justo nem um pouco. Os times podem gastar 75% das receitas em salários. As regras são feitas para que os times grandes possam gastar mais dinheiro. Crystal Palace tem que jogar contra o Manchester United, que pode gastar muito mais em jogadores. Não é nem um pouco justo – afirmou.
Ele defende a utilização de uma regulamentação como é feita nas ligas de esportes americanos, em que todas as equipes possuem o mesmo limite de gastos em salários.
Por Giba Perez – ge.globo.com – Rio de Janeiro