Protocolo feito há anos e revisado periodicamente inclui regras que devem ser seguidas à risca pela Coroa, pelo governo e até mesmo pela imprensa britânica.
Com a morte da rainha Elizabeth II, que governou por mais de 70 anos, o Reino Unido mergulhou em luto na quinta-feira e terá pelo menos 10 dias de cerimônia solene, como parte de um protocolo feito há anos e revisado periodicamente, com regras que devem ser seguidas à risca pela Coroa, pelo governo e até mesmo pela imprensa britânica.
Batizado de Operação London Bridge (Ponte de Londres), o plano tem vários detalhes que especificam desde a etiqueta para as bandeiras até os pormenores do velório, que é esperado para o dia 17 na Abadia de Westminster, em Londres. Um “período de luto real” também será observado até sete dias após o funeral da rainha a pedido do rei Carlos III.
Um roteiro oficial ainda não foi divulgado pelo Palácio de Buckingham, mas alguns detalhes já foram adiantados por funcionários do cerimonial. Os planos podem mudar nos próximos dias, mas isto é o que se sabe até o momento, segundo a imprensa britânica:
Sábado
O caixão de Elizabeth II deixará o salão de bailes do Castelo de Balmoral, onde se encontra desde sexta-feira, e será carregado por sete guardiões até o carro fúnebre, acompanhado do tocador de gaita de foles oficial da rainha à frente. O corpo será então transferido para o Palácio de Holyrood, residência oficial da família real em Edimburgo, capital da Escócia, onde uma guarda de honra militar o encontrará.
Em Londres, membros do Conselho Privado, um comitê de altos e antigos políticos e juízes que aconselham o monarca, ouvirão o novo rei fazer um juramento e um discurso. Pela primeira vez, a reunião — uma formalidade constitucional conhecida como Conselho de Adesão — será televisionada.
Também estará presente o arcebispo de Canterbury, o clérigo mais antigo da Igreja Anglicana, que o novo rei agora lidera. A proclamação do rei será recebida com uma salva de 41 tiros no Hyde Park disparada pela Tropa Real de Artilharia do Rei e uma salva de 62 tiros na Torre de Londres pela Companhia de Artilharia Honorável.
Depois, Carlos III será proclamado o novo rei, enquanto a banda real toca o primeiro verso do hino nacional, adaptado para “God save the king” (Deus salve o rei). A partir deste momento, bandeiras do Reino Unido poderão ser hasteadas a pleno mastro em prédios públicos.
Domingo
O rei Charles III e a rainha consorte irão para o Palácio de Holyrood, onde serão recebidos com uma salva de 21 tiros. Membros da família real, incluindo filhos e netos de Elizabeth II, se juntarão a uma procissão de Holyrood até a Catedral de Saint Giles, em Edimburgo, com as armas do Castelo de Edimburgo disparando a cada minuto. Um serviço será realizado na catedral, onde o caixão da rainha descansará por 24 horas, permitindo que o público preste suas últimas homenagens antes de ser transferido para Londres.
Segunda-feira
O caixão da rainha deixará a Catedral de Saint Giles de carro antes de ser transferido para Londres de avião — anteriormente, o plano previa que esse traslado seria feito de trem, até a estação de Saint Pancras. O novo rei e sua esposa, Camilla, ouvirão mensagens de condolências no Westminster Hall, sede do Parlamento britânico.
Terça-feira
Quando o caixão chegar a Londres, será recebido por membros da realeza, pela a primeira-ministra Liz Truss e outros dignitários antes de ser transferido de carro para o Palácio de Buckingham, onde ficará na Sala do Trono.
Quarta-feira
O caixão será levado do Palácio de Buckingham para o Parlamento britânico em uma procissão de carruagens, envolto no estandarte real, no qual a Coroa Imperial será colocada sobre uma almofada de veludo, seguido pelo novo rei. Os príncipes William e Harry, juntamente com os outros filhos da rainha e membros da família real, seguirão a pé.
O Big Ben tocará em intervalos de um minuto durante a procissão, juntamente com salvas de tiros de canhão no Hyde Park. Após um breve serviço, o corpo de Elizabeth II ficará exposto no Parlamento por três dias, sob vigília da guarda armada da monarquia, e poderá receber visitas do público a qualquer momento, exceto por um intervalo noturno de limpeza de 15 minutos.
Quinta-feira
Neste dia, os líderes mundiais começam a chegar para prestar suas homenagens no Parlamento britânico. Enquanto isso, o novo rei encontra membros da família real no Palácio de Buckingham.
Sexta-feira
Charles III se encontra com a primeira-ministra Liz Truss ao meio-dia para sua primeira audiência semanal oficial, um costume constitucional em que o chefe do Executivo político informa o chefe de Estado sobre os assuntos parlamentares.
Sábado
Somente 10 dias após sua morte, Elizabeth II terá sua despedida oficial na Abadia de Westminster, onde ocorrerá uma cerimônia com a presença de membros da família real, políticos britânicos e chefes de Estado de todo o mundo pela manhã, antes que o caixão faça um curto deslocamento com a Coroa Imperial, o orbe e o cetro.
Às 11h (8h no Brasil), os carregadores do caixão pararão no Túmulo do Soldado Desconhecido, monumento em homenagem a todos os soldados que morreram em guerras e não tiveram seus corpos identificados, e o Big Ben dobrará apenas uma vez para marcar um silêncio nacional de dois minutos.
Um toque de corneta seguido do hino nacional encerrará o serviço fúnebre antes de uma procissão percorrer 2,4 km com o caixão do Palácio de Buckingham até o Arco de Wellington, antes de Elizabeth II ser levada para seu local de descanso final, na Capela Memorial do rei George VI no Castelo de Windsor.
Por O Globo — Londres