Olímpio Guajajara esteve na Europa onde entregou cartas para ativistas e diplomatas, denunciando os crimes contra os indígenas no Maranhão. Nas últimas duas semanas, três indígenas foram assassinados no Estado.
O líder do grupo ‘Guardiões da Floresta‘, o indígena maranhense Olímpio Guajajara, entregou uma carta para ativistas e diplomatas estrangeiros que atuam em defesa da causa indígena.
No documento, ele denuncia os crimes contra os indígenas na Terra Indígena Araribóia, no Maranhão. Olímpio Guajajara esteve na Alemanha, na Inglaterra e na França.
“Vim para Paris para o evento e para alguns encontros lá no Parlamento Europeu, para a gente reivindicar os direitos”, disse Olímpio Guajajara em um vídeo gravado.
Durante sua passagem pela Europa, ele também se reuniu com a família do jornalista britânico Dom Phillips, que foi assassinado junto com o indigenista Bruno Pereira, em junho na Amazônia.
Olímpio Guajajara se encontrou com a família do jornalista inglês Dom Phillips. — Foto: Reprodução/TV Mirante
Olímpio Guajajara levou uma carta para líderes da União Europeia e ativistas que lutam pela causa indígena no mundo. Os Guajajaras denunciam a onda de violência na Terra Araribóia, contra os ‘Guardiões da Floresta’.
Os ‘Guardiões da Floresta’ acreditam que há, pelo menos, 60 indígenas isolados, sem nenhum contato, na Amazônia maranhense. O medo é maior porque os ataques vem acontecendo com emboscadas na mata fechada.
O líder dos ‘Guardiões da Floresta’ denunciou os crimes para ativistas e diplomatas — Foto: Reprodução/TV Mirante
Os ataques contra os Guardiões aumentaram depois que eles passaram a fazer patrulhas armadas para expulsar os invasores. Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), foram 10 assassinatos em 2021.
Os “Guardiões da Floresta” atuam em várias regiões do Maranhão, principalmente na terra indígena Arariboia, um território com 413 mil hectares no sudoeste do estado, onde vivem 12 mil indígenas. O grupo identifica e vigia as trilhas abertas pelos madeireiros ilegais e flagra a ação dos criminosos.
Indígenas mortos no Maranhão
Janildo Oliveira Guajajara e Jael Carlos Miranda Guajajara foram mortos na região da Terra Indígena Arariboia, no Maranhão — Foto: Arquivo pessoal
Em duas semanas, três indígenas da etnia Guajajara foram mortos no Maranhão. Os casos aconteceram nos dias 3 e 11 de setembro, nas cidades de Arame e Amarante do Maranhão, no interior do estado.
O indígena Antônio Cafeteiro Silva Guajajara foi morto com seis tiros no domingo (11), na estrada do Povoado Jiboia, no município de Arame, a cerca de 600 km de São Luís.
Em 3 de setembro, Janildo Oliveira Guajajara, que já foi Guardião da Floresta, foi assassinado com tiros nas costas, em Amarante do Maranhão. Já no município de Arame, Israel Carlos Miranda Guajajara morreu após ser atropelado e a polícia confirmou que se trata de um caso de homicídio.
Violência contra os Guajajara
De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), nos últimos 10 anos já foram registrados ao menos 35 casos de assassinatos de indígenas no Maranhão, muitos deles na região da Terra Indígena Arariboia, onde moram os Guajajara.
Paulo Paulino “Lobo Mau” Guajajara foi morto em uma emboscada — Foto: Sarah Shenker/Survival International
Um caso de grande repercussão aconteceu em novembro de 2019, quando o indígena Paulo Paulino Guajajara, também conhecido como o “Lobo Mau”, foi morto em uma emboscada. Um madeireiro identificado como Márcio Gleik Moreira Pereira também morreu em uma troca de tiros, e o indígena Laércio Sousa Silva sobreviveu.
Sobre este caso, Justiça Federal determinou que Antonio Wesly Nascimento Coelho e Raimundo Nonato Ferreira de Sousa irão a júri popular. Eles se tornaram réus após uma denúncia feita pelo Ministério Público Federal (MPF) e vão responder por homicídio qualificado por motivo fútil e eventual emboscada.
A dupla também vai responder pela tentativa de homicídio por suposto motivo fútil e emboscada contra o indígena Laércio Sousa Silva, com agravante de ofensa indígena. Além disso, os réus também irão a júri popular pela posse arma ilegal de fogo.
Laércio Guajajara fala sobre o trabalho constante travado pelos Guardiães da Floresta no Maranhão — Foto: Reprodução/TV Mirante
Para o MPF, os crimes contra a vida foram agravados por terem atingido a comunidade indígena, uma vez que foram cometidos contra aqueles que lá estavam para proteger a terra e cultura indígenas.
Além disso, foram cometidos também por motivo fútil, com a finalidade de reaver uma motocicleta, e de forma que dificultou a defesa da vítima, tendo em vista o elemento surpresa destacado no contexto em que foram efetuados os disparos de arma de fogo.
Fonte: Sidney Pereira, TV Mirante — São Luís, MA