Fazenda, Casa Civil e Agricultura estão entre as pastas almejadas e que têm movimentado políticos ao redor do petista
A decisão do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “só começar a pensar” na montagem do futuro Ministério a partir do final deste mês abriu uma arena de disputas veladas entre aliados. Na busca por espaços na Esplanada, personagens importantes já começaram a se movimentar, especialmente mirando as pastas da Casa Civil, Fazenda, Justiça e Segurança Pública, Agricultura e Cidadania. Por outro lado, ministérios chave, como Saúde e Educação, não aparecem na prateleira de preferências de alguns dos principais nomes que almejam postos de destaque em 2023.
Três petistas da confiança de Lula estão de olho nos ministérios da Fazenda e da Casa Civil, considerados os mais relevantes do Executivo. São eles o ex-ministro da Educação Fernando Haddad, o ex-ministro da Saúde e deputado federal Alexandre Padilha (SP) e o senador eleito Wellington Dias (PI).
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Novos desafios
As ambições dos três, contudo, contrastam com as funções para as quais foram designados na transição. Padilha vai participar do grupo temático da Saúde, enquanto Haddad auxilia na montagem da equipe da Educação. Reservadamente, ambos indicam que não gostariam de voltar às cadeiras que já ocuparam. A Dias, foi dada a missão de articular junto ao Congresso novos espaços no Orçamento.
Dono da caneta, Lula não sinalizou quem seria seu preferido e já avisou que só tratará do assunto ao retornar da COP 27, no Egito. Ele só deverá chegar ao Brasil no dia 19.
— Quando eu voltar do Egito, vou começar a pensar na montagem do ministério — disse o petista na quarta-feira.
Internamente, há a clareza de que a escolha para a Fazenda é a mais delicada. O futuro titular tem potencial para acalmar ou afugentar de vez o mercado financeiro. O setor ainda apresenta fortes desconfianças em relação a Lula e anseia por um ministro de perfil liberal, como o ex-presidentes do BNDES Persio Arida, integrante da equipe da transição.
Ontem, no mais recente episódio que gerou incômodo na Faria Lima, o presidente eleito criticou o que chamou de “tal estabilidade fiscal” e o teto de gastos. A declaração ampliou as perdas da Bolsa, que caiu mais de 4%, e empurrou o dólar a R$ 5,39.
Nos últimos dias, agentes do mercado enviaram recados, por meio do vice eleito Geraldo Alckmin (PSB) e da senadora Simone Tebet (MDB-MS), de que é importante Lula anunciar o ministro o quanto antes. Também deixaram claro que a opção por Haddad seria mal recebida. A avaliação desses representantes do setor é de que o ex-ministro da Educação tem ideias econômicas que não agradam e não transmite segurança para negociar com o Congresso.
O próprio Lula mantém interlocução com o protagonistas do setor. Ele se reunirá em breve com o presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, com quem já se encontrou na festa de aniversário de Alckmin, no domingo.
Para além da Fazenda, outros nomes de confiança de Lula já se movimentam em busca de uma cadeira na Esplanda, como o senador eleito, Flávio Dino (PSB-MA). Ele é um dos poucos aliados que já tiveram a presença na equipe ministerial assegurada por Lula. Dino trabalha para que o petista mantenha sob o mesmo guarda-chuva as pastas da Justiça e da Segurança Pública, que ele estuda desmembrar. Na quarta-feira, Dino acompanhou Lula em visita ao Supremo Tribunal Federal (STF) e, num gesto simbólico, foi escalado para falar com a imprensa sobre a reunião que eles tiveram como ministros da Corte.
Por Jeniffer Gularte, Bruno Góes e Manoel Ventura – globo.com- Brasília