Artilheiro do time recebeu 500 mensagens com pré-convocação à seleção argentina, desmente boato de que virou vegano, explica ajuda de Abel e por que ficou mais fácil jogar com Vitor Roque
Flaco López estava em casa dormindo quando seu nome apareceu pela primeira vez na pré-lista de convocados da Argentina. Cansado depois da viagem ao Rio de Janeiro pelo Brasileiro, o artilheiro do Palmeiras acordou assustado com o celular vibrando, 500 novas mensagens e uma ligação em vídeochamada da irmã. Prontamente atendeu.
– Ela começou a falar gritando, chorando, estava com meus sobrinhos, com meu pai, foi bem emocionante. Eu não esperava, não sabia que seria tão rápido – conta o centroavante, sobre um momento de exceção na família, que combinou não conversar sobre futebol.
Listado na pré-convocação da seleção argentina para as novas Eliminatórias da Copa de 2026 enquanto vive seu melhor momento no Palmeiras, Flaco conta desafios, a quase ida ao River Plate e até as broncas de Abel Ferreira, técnico que também profetizou a ele uma convocação.
Flaco é frequentemente descrito como alguém leve, bem-humorado, e dessa vez, para além da personalidade, o momento é favorável. Aparece sorridente no campo após o treino e promete churrasco em caso de estar presente na lista final. Desmente, inclusive, aos risos, o boato de que se tornou vegano e com isso perdeu massa muscular.
– É mentira. Aí não vai dar certo. Já ganhei uns 9kg ou 10kg desde que cheguei – responde, se divertindo, sobre o próprio porte físico, mais magro que os demais.
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Flaco López lidera a artilharia do Palmeiras na temporada — Foto: Camila Alves
Ele está em sua quarta temporada no Palmeiras, com 15 gols marcados e correndo atrás de superar o próprio recorde de 22, estabelecido no ano passado. Nem sempre esteve em alta, contudo.
Flaco sentiu dificuldades de adaptação, enfrentou críticas da torcida e chegou a cogitar sair do clube em 2024, quando recebeu uma proposta do River Plate. Foi a postura do clube e as conversas com Abel que o convenceram a ficar.
Entre oscilações de desempenho, manteve conversas constantes com treinador, que desde o início previa sua chegada à seleção argentina e distribuía broncas simultâneas aos elogios, “puxando a orelha” do centroavante, como quando disse, por exemplo, que não tinha sangue de argentino.
– Mas a gente sempre conversa. Acho que também eu entendi que muitas vezes era para tirar o melhor de nós. Eu só ficava pensando e com vontade de mostrar que ele tinha razão com as coisas boas que falava. É um cara muito sanguíneo também, fica nervoso, mas faz parte do trabalho dele, muita pressão também e a gente aceita.
– Ele sempre falava que eu ia conseguir jogar na seleção, que era um jogador com características que a Seleção não tinha. Às vezes eu não acreditava – conta aos risos.
Foram palavras como essas, porém, que ajudaram o centroavante em sua maior dificuldade no clube: se entender.
– Entender que a gente não vai ganhar todo jogo, que não vou conseguir fazer gol todo jogo, por exemplo. O mais difícil foi isso. E quando comecei a entender, ficou mais fácil para mim.
Melhor consigo mesmo, Flaco se tornou mais leve em 2025. Empilhou quatro gols nos últimos cinco jogos e distribuiu comemorações imitando as mãos do Homem Aranha, personagem de quem é fã. O carrega na mão direita, por exemplo, como um dos quatro pingentes de uma pulseira que também tem o símbolo dos Avengers, um de viagens e um trevo azul, que diz “good things are coming“.
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Flaco López usa pulseira com pingentes do Homem Aranha, Avengers, um símbolo de viagens e um trevo azul — Foto: Reprodução / TV Globo
Nos últimos meses, as coisas boas realmente vieram. Agora, principalmente, dividindo a referência no ataque com o também centroavante Vitor Roque, sendo escalados como dupla titular pela primeira vez nos últimos dois jogos. Tornou a vida mais fácil.
– É difícil hoje no futebol brasileiro onde todos os zagueiros são muito fortes, rápidos, e ter essa ajuda próxima é muito bom, porque a gente está de costas muitas vezes.
– Tem muito mais opção na frente, acho que aumenta a mobilidade do time, eu também recuo mais para dar continuidade no jogo, e Vitor tira um pouco a pressão de ser o único cara na frente, que às vezes não chegam muitas bolas dependendo do jogo – explica Flaco.
Aos 24 anos, vive agora a expectativa de estar na lista definitiva da Seleção, prevista para ser divulgada na próxima semana.
Carrega os dias com o costumeiro bom humor, e quando pensa no que diria ao Flaco do início de clube conturbado ainda em 2022 tem apenas cinco palavras, suficientes para mostrar o que pensa do que viria pela frente.
– Calma. Tudo vai dar certo.
Por Camila Alves — ge.globo.com – São Paulo