Marcação alta, ocupação de espaços e bola parada devem ser pontos decisivos nesta quarta-feira
O Flamengo cometerá um erro se usar a facilidade da vitória de 3 a 1 do último domingo, pelo Campeonato Brasileiro, como parâmetro para o reencontro desta quarta-feira. Era outro Inter, um Inter camuflado: que usou reservas, e desta vez terá titulares descansados; que esteve morno em um jogo pouco decisivo, e desta vez jogará a vida; que teve 20 mil torcedores silenciados pelos gols precoces do adversário, e desta vez terá 50 mil em um daqueles surtos psicóticos que só a Libertadores sabe proporcionar.
Há uma diferença de qualidade considerável a favor do Flamengo. Mas essa diferença não se transformou em uma vantagem equivalente no placar. O 1 a 0 no jogo de ida, no Maracanã, deixou o Inter em condições de se classificar – como aconteceu com o Atlético-MG na Copa do Brasil. E é preciso lembrar que a Libertadores tem suas particularidades. Na primeira fase, o Inter passou em primeiro lugar em um grupo mais difícil do que aquele em que o Flamengo avançou em segundo.
Pela necessidade de vencer, por jogar em casa, por decidir a temporada, a tendência é de que o Inter consiga repetir aquilo que ofereceu no começo do segundo tempo no Maracanã: um time mais presente no campo de ataque, confiante para fazer aproximações e triangulações, para marcar alto.
Acredito que justamente na marcação alta estará uma das chaves do grande jogo desta quarta. O Inter será obrigado a pressionar a saída de bola do Flamengo, que tem na capacidade de construção dos zagueiros um grande diferencial. Se o time gaúcho conseguir perturbar as ações iniciais do adversário, poderá equilibrar o duelo; se a primeira linha de marcação falhar, porém, o Flamengo terá liberdade para distribuir o jogo, e aí dois mundos entrarão em choque: a qualidade ofensiva rubro-negra (ainda mais com o retorno de Arrascaeta) e os espaços defensivos colorados, sobretudo às costas de Bernabei.
No Maracanã, Roger Machado conseguiu amenizar o problema ao dobrar a marcação com uma grande entrega tática de Wesley, que por vezes retornava até a área defensiva. Nesta quarta, porém, o treinador precisará da agressividade ofensiva do atacante. Como resolver essa equação é um dos grandes enigmas da partida.
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Filipe Luís em Inter x Flamengo — Foto: Maxi Franzoi/AGIF
Seria importante para o Inter ter Carbonero desde o início. O colombiano, recuperado de lesão, é capaz de desarrumar defesas com dribles e arrancadas – algo que Wesley fazia muito bem no ano passado, mas não vem conseguindo repetir na atual temporada. Com Alan Patrick sempre bem marcado, os pontas são fundamentais para o Inter ter agressividade. É incerto, porém, que Carbonero tenha condições de jogar desde o início. Sem ele, Roger deve usar Bruno Tabata, um jogador mais construtor e menos agudo.
Outro fator decisivo para a partida pode ser a bola parada. Apesar do grande volume de jogo na primeira partida, o Flamengo só conseguiu chegar ao gol em um escanteio aproveitado por Bruno Henrique. É uma grande arma da equipe carioca, que também tem os zagueiros como ameaças para o adversário pelo alto. No Inter, a qualidade de Alan Patrick nas batidas também pode encontrar Vitão ou Ricardo Mathias como alternativas para furar a defesa rubro-negra.
O Inter precisará fazer um jogo perfeito, de erro zero, para conseguir a vaga – e é um time que vem errando muito. Ao Flamengo, caberá a inteligência de reconhecer que, em um jogo deste tamanho, sua qualidade pode não bastar.
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Por Alexandre AlliattiJornalista e escritor – vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura (2023) – ge.globo.com/blogs/blog-do-alliatti
 
			 
			 
					