Dados do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo apontam persistência do cenário de baixa umidade
O Brasil passa pelo período de saca mais intenso da história do Brasil, segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), que preocupa meteorologistas com o corrimento de queimadas e, por consequência, poluição devido à fuligem.
Segundo dados do Crea-SP, a seca já atinge 1.400 cidades ao nível extremo ou severo, entre elas, São Paulo.
Para os próximos dias há a chegada de uma frente fria, que vem da região Sul do país, que deve amenizar o tempo seco e trazer alívio durante a semana, com possibilidade de chuvas. Contudo, a partir de 23 de setembro, a expectativa é retornar ao cenário de secas.
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Segundo Carlos Raupp, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP) e conselheiro do Crea-SP, a previsão climática sazonal indica persistência do cenário de baixa umidade e altas temperaturas nas regiões Centro-Oeste, Norte, Nordeste e Sudeste. Com isso, as chuvas estarão concentradas na região Sul.
“Para além das queimadas e da poluição, o atual cenário climático também se deve aos impactos do El Niño. “A situação atmosférica está respondendo ao término do El Niño, então, há um bloqueio atmosférico, um sistema de alta pressão que inibe a formação de chuvas e impede a passagem de frentes frias, que não conseguem chegar nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Isso leva a altas temperaturas e a não ocorrência de chuvas”, explica Raupp.
Conforme dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o Brasil Central recebeu quantidades mínimas de chuva nos últimos meses. Conforme o instituto, Goiás e o Distrito Federal não receberam precipitação nos últimos 3 meses, enquanto outros estados tiveram menos 100 milímetros registrados.
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As ondas de calor também são associadas à grande incidência de radiação solar e a falta de formação de nuvens, que favorece a propagação de incêndios e, por consequência, a concentração de poluentes próximos à superfície. “A atmosfera fica bastante estável e essa estabilidade desfavorece a dispersão vertical dos poluentes que tem fonte local, como os incêndios no interior do estado e a poluição com emissão veicular e de indústrias na Região Metropolitana de São Paulo”, acrescenta o meteorologista.
Tal fenômeno é, por exemplo, razão para o acúmulo de fuligem e poluentes no céu de São Paulo, que vem atingindo marcas históricas nos níveis de poluição da atmosfera e qualidade do ar. O meteorologista ainda alerta que o transporte das queimadas de biomassa na Amazônia também vem afetando a cidade e, por sua vez, trazem condições de qualidade 30 vezes maiores que o razoável.
Ainda, a fuligem vem sendo transportada pelos chamados rios voadores. “Trazem esses materiais particulados da Amazônia para cá, agravando o cenário atual da alta concentração de poluentes, que já é corroborada pela própria atuação do bloqueio atmosférico afetando a região de São Paulo”, detalha.
Esse fenômeno afeta a formação de nuvens, agindo como núcleo de condenação e colaborando para a ocorrência de chuva preta.
Por : Adriana Marruffo, com Alex Alcantara – revistacasaejardim.globo.com